Vasculhando o rastro na memória mesmo sem saber onde encontrá-la, dei um clique imaginário em minha alma e revivi a história por onde passei, acertei sem a ver, veio á tona com simplicidade trazendo-me a saudade e a inspiração juntamente com um passado lindo, alegre feliz, não apenas o meu, de todo o povo que tiveram a oportunidade de assistir as grandes apresentações feitas pela bela orquestra formada em Dracena, principalmente o baile da Primavera onde compareceu o povo da região.

Em 1952 o progresso fervilhava, Dracena mostrava que o seu destino era de transformar em grande e bela cidade foi o que aconteceu.
Para Dracena afluíram pessoas de todas as partes de todas as classes, fazendeiros, comerciantes, professores, médicos, advogados, etc. que acreditavam no futuro da Cidade Milagre. Em meio a essa turbulência, lembro-me muito bem, apareceu um jovem aparentando menos de 30 anos, oriunda da capital paulista a quem dedico as minhas lembranças e saudade, narrando se possível, sua breve trajetória em Dracena, mas que muito contribuiu para ao progresso da região, bem como o meio musical da nossa cidade. Os atuais dracenenses precisam conhecer partes do passado da nossa cidade.
A fim de não prevaricar, escrevi recentemente crônicas sobre a última noitada de Carnaval, sobre as bandas formadas em Dracena, ainda sobre o suposto amor entre duas árvores, desta feita vou contar com muito orgulho uma historinha das orquestras que foram formadas em Dracena, sei que todos gostam de contar uma história, até as crianças têm sempre uma historinha para conta aos pais, seus avós, é comum, ouvir gente contando sua história boa, às vezes não tão boa, história do sonho que teve na noite anterior, repetindo suas histórias várias vezes com pessoas que se encontram pela frente, aliás, quem deveria contar a história de hoje seria os órgãos públicos competentes Secretaria da Cultura ou mesmo os historiadores, etc. Porém, me atrevi contar parte do nosso passado cultural, ou seja, vamos falar das orquestras formadas em Dracena. Você indignado pergunta zombado….Orquestra? (kkkk) Dracena teve orquestras? Não acredito. Eu respondo sim, não apenas uma, tivemos três. Posso comprovar através de fotos que trago comigo.
O progresso de Dracena fervilhava, a população crescia, faltava opção de entretimento, tínhamos somente o Cine Dracena como lazer, o preço do ingresso era caro, o povo gostava de dançar. A música é dádiva de Deus, alegra o mundo e o céu, como se vê desenhos de supostos anjos ostentando instrumentos musicais, a música sempre foi cultivada pelos povos antigos, permanece em nossas almas como alimento e consolo, praticamente era obrigação do município manter banda de música ou orquestra, o certo seria formar uma orquestra em nossa cidade.
Sabíamos da existência das orquestras Tabajara de Severino Araújo, Nelson de Tupã, Marajoara de Catanduva, Continental de Jaú o seu cantor profissional do qual falamos com muito orgulho é o nosso querido advogado Dr. Cauby Bortoloto, funcionário Estadual, residente nesta cidade, Orquestra Pedrinho de Guararapes, Osmar Milani e sua orquestra, Tomy Dorcy e sua orquestra, alguma delas se apresentou no antigo X.T.C., no (antigo C.E.D.), atual Adec. Por sorte tivemos a primeira Orquestra formada em Dracena, denominada “Parro e Sua Orquestra”, tivemos Orquestra Nipo Brasileira, cujo maestro era o Sr. Alberto Parro, tivemos a Orquestra da Igreja Congregação do Brasil que apresentava em cultos religiosos.
Alberto Parro aqui chegou em 1952, oriundo da Capital Paulista com uma incumbência de instalar e gerenciar uma grande e importante empresa de capital foi o primeiro gerente do Bradesco, desempenhou com perfeição e lisura a missão que lhe fora confiada, demonstrando capacidade e inteligência. Em pouco tempo ficou conhecido e amigo estimado por todos, conseguiu grande número de clientes principalmente da Colônia Japonesa na época era numerosa, como gerente do Bradesco nesta cidade, tomava parte em tudo que trazia benefícios a cidade, elaborando campanhas beneficentes, desfile de moda, eventos, onde teve a brilhante ideia de promover um concurso beneficente denominado bonecas vivas com renda total para as entidades, conseguindo assim atrair grande destaque para nossa cidade, ótima renda com a venda dos ingressos.
Compositor e músico apaixonado arrebanhou um grupo de músicos formou e dirigiu a primeira orquestra de Dracena, a qual se apresentava em todos os fins de semana em brincadeiras dançantes, aniversários, show no cine Dracena, pelo simples prazer sem visar interesses financeiros. Com grande orgulho juntamente com o mesmo tive a oportunidade de tocar o Carnaval em 1954, e demais apresentações.
Era feliz em Dracena onde nasceram seus três filhos, inesperadamente surgiu sua transferência para a Capital, em 1959, tocou como despedida seu último baile, sua Sonora de Danças silenciou para sempre.
Como nada neste mundo é eterno o destino tirou-o do nosso convívio, Dracena perde um grande músico, compositor, bom amigo grande entusiasta, a ele dedico as minhas homenagens, minha admiração e amizade, adeus companheiro foi morar com Deus, deixando uma legião de amigos, bons exemplos a serem seguidos, e, a certeza do dever cumprido.

*Músico e juiz de Paz.