Sabemos pelas Sagradas Escrituras que Deus é soberano. A pergunta é: Deus em algumas situações usará a Sua soberania para substituir nosso livre-arbítrio e assim exercer a Sua perfeita vontade? E se assim for, realmente temos livre-arbítrio? Como se explica isso?

Vamos experimentar uma definição e deixar a Bíblia lançar luz sobre essaquestão. A definição técnica de livre arbítrio é esta: a vontade do homem é livre se tiver o poder da autodeterminação final.O que eu quero dizer com autodeterminação final é que nenhum poder fora do próprio homem tem o controle final ou decisivo sobre o que um homem escolhe, pelo menos não quando ele está agindo como um agente moral que deve prestar contas a Deus. Nem as outras pessoas, nem as influências, nem o próprio Deus têm um controle decisivo sobre as escolhas de uma pessoa. Deus, o homem e a natureza podem ter alguma influência, mas essa influência não pode ser decisiva. Podem ter um tipo de causalidade, mas não causalidade final ou decisiva. Caso contrário, o homem não seria livre,segundo esta definição.
Jesus explicouporquê Judas não acreditava nele. João 6.64, 65 diz: “Contudo, há descrentes entre vós. Pois Jesus sabia, desde o princípio, quais eram os que não criam e quem o havia de trair. E prosseguiu: Por causa disto, é que vos tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido.”. Jesus toma essa verdade e generaliza-a para todos nós quando diz: “Ninguém” – não apenas Judas – “pode vir a mim a menos que lhe seja concedido”.A menos que a decisão seja concedida pelo Pai, ninguém tem o poder da autodeterminação final para chegar a Deus. O Senhor, soberano, dá ou retém o poder do homem chegar até Ele.
Outra razão pela qual eu não acho que a autodeterminação final existe nos seres humanos está em 2Timoteo 2.24 a 26, Paulo diz: “Ora, é necessário que o servo do Senhor (…) deve ser brando para com todos, apto para instruir, (…) os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo (…).”Assim, o arrependimento é o outro lado da moeda da verdadeira fé, isto é, afé queseguesó a Cristo, ao invés de abraçar falsas crenças e ensinamentos. O dom do arrependimento é o dom de rejeitar a autoconfiança e abraçar a Cristo. É um dom de salvação. E sem o dom de Deus para nos fazer arrepender e crer, nenhum de nós seria salvo.Nós não temos autodeterminação final, mas todos nós prestaremos contas a Deus pelas nossas escolhas.
A Bíblia dizem Gálatas 5.1: “Cristo nos libertou para que nós sejamos realmente livres”. O cristão está livre da escravidão do pecado e da exigência falsa, opressiva e esmagadora de buscar por seu próprio esforço a sua salvação.

*Pastor Presbiteriano