A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil emitiu nota nesta quarta-feira (9) em que diz que o governo norte-americano vai transferir a tecnologia do caça F/A-18 Super Hornet ao Brasil, além de aprovar a montagem dos aviões em território brasileiro. A nota foi uma resposta às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que estavam avançadas as negociações com a França para a compra de 36 aviões de combate.
O F/A18 Super Hornet, da norte-americana Boeing, compete com o Gripen, da sueca Saab, e o Rafale, da empresa francesa Dassault, um contrato de fornecimento que pode chegar a USS$ 4 bilhões. A expectativa é que até o fim de outubro o governo tome uma posição sobre a compra dos caças.
Segundo a Embaixada dos Estados Unidos, a proposta de transferência de tecnologia havia sido aprovada pelo Congresso norte-americano no último dia 5 setembro. “Nosso governo aprovou a transferência de toda a tecnologia necessária. Continuamos a acreditar que a nossa proposta é forte e competitiva”, diz a nota.
O G1 entrou em contato com o Ministério da Defesa, mas não foi atendido, porque os assessores do ministro Nelson Jobin estavam em reunião. Ao chegar ao Itamaraty, onde recebe o presidente de El Salvador, Mauricio Funes, Lula foi indagado pelo G1 sobre a nova proposta dos EUA. “Daqui a pouco vou receber de graça [os caças], disse, sem parar.
A transferência de tecnologia era o principal argumento do governo brasileiro para as negociações com os franceses. Em entrevista veiculada pelo canal francês de televisão TV5 Monde no dia 6 de setembro, Lula afirmou que as negociações para a compra 36 caças Rafale estavam “muito avançadas”.
“Não podemos comprar um avião caça sem possuir a tecnologia e é justamente porque pensamos em produzir uma parte deste avião no Brasil. Temos uma importante empresa que é capaz de fazê-lo”, acrescentou o presidente, em referência à brasileira Embraer.
Durante os festejos do Dia da Independência, no dia seguinte, o presidente Lula e seu colega francês, Nicolas Sarkozy, emitiram comunicado conjunto em que anunciavam a intenção do governo brasileiro negociar a aquisição de 36 caças GIE Rafale. Os dois também assinaram acordos para o desenvolvimento compartilhado de submarinos e helicópteros.
Nesta terça-feira (8), porém, o Ministério da Defesa emitiu nota em que negou que o governo brasileiro já tenha se decidido pelos caças franceses. Na nota, o ministério informou que Estados Unidos e Suécia poderiam fazer novas ofertas ao Brasil.
Veja a íntegra da nota da Embaixada dos EUA
“A Missão dos Estados Unidos no Brasil recebeu diversas indagações sobre a situação da proposta da Boeing para a concorrência dos caças FX-2 [programa de modernização da Força Aérea].
Entendemos que uma decisão final ainda não foi tomada em relação ao vencedor do contrato. O F/A-18 Super Hornet é um caça de avançada tecnologia testado em combate e acreditamos que é o melhor em comparação com seus concorrentes. O governo dos EUA apoia totalmente a venda do F/A-18 Super Hornet à Força Aérea Brasileira. Nosso governo aprovou a transferência de toda a tecnologia necessária. Continuamos a acreditar que a nossa proposta é forte e competitiva.
A análise feita pelo Congresso dos EUA sobre a venda potencial do F/A-18 Super Hornet ao governo brasileiro foi concluída em 5 de setembro sem nenhuma objeção formal à venda proposta. Isso significa que a aprovação do Governo dos Estados Unidos para transferir ao Brasil as tecnologias avançadas associadas ao F/A-18 Super Hornet é definitiva. O governo aprovou também a montagem final do Super Hornet no Brasil.
O pacote multibilionário de compensações (offsets) da Boeing para investimento diretamente na indústria aeroespacial brasileira vai transferir tecnologia relativa ao design militar e à produção, fornecer autonomia em áreas-chave para suporte do programa e desenvolver uma ampla indústria aeroespacial no país que vai além de aeronaves de combate por meio do envolvimento direto com a maior companhia aeroespacial do mundo.
Os Estados Unidos acolhem a oportunidade de entrar em negociações abertas para a concorrência dos caças FX-2 que irá fortalecer a sólida parceria militar que o Brasil e os Estados Unidos já possuem baseada em interesses comuns e valores compartilhados.”