A Polícia Federal de São José do Rio Preto investiga o fornecimento de blocos cerâmicos de uma indústria de Panorama, para a construção de casas de pessoas ligadas à facção criminosa Comando Vermelho, na região de Rio Preto.
O assunto veio à tona após matéria publicada na segunda-feira, 1º, pelo jornal O Estado de S. Paulo e reproduzida nos sites das revistas Veja e Exame, ter noticiado a investigação da Polícia Federal sobre integrantes do Comando Vermelho, responsáveis pela lavagem de dinheiro do tráfico de armas e de drogas, construindo casas e comprando fazendas – uma em Tanabi, região de São José de Rio Preto, e a outra em Tocantins, além de 25 casas e uma cerâmica em Panorama para a lavagem de dinheiro do tráfico de armas e de drogas vindas de Pedro Juan Caballero, cidade do Paraguai na fronteira com Ponta Porã (MS), segundo o Estadão.
Diante da repercussão provocada pela reportagem de segunda-feira, o delegado de polícia titular de Panorama, Eliandro Renato dos Santos, telefonou para o delegado da PF de São José do Rio Preto, José Eduardo, que o informou que “numa segunda fase da operação, os agentes federais estão realizando o rastreamento dos bens da quadrilha, que tinha como hábito, a lavagem de dinheiro, a construção de casas e condomínios naquela região”. Segue a nota: “Para isso, utilizavam-se de uma cerâmica localizada em Panorama, de propriedade de um morador de São José do Rio Preto, que fornecia os tijolos para a construção das casas”, finalizou o comunicado.
Segundo o delegado de Panorama, a PF afirmou não existir membros da facção criminosa no município por onde responde.
O delegado encaminhou ofício na terça-feira, 2, informando à Prefeitura e associações do município explicando a investigação da PF, com o intuito de tranquilizar a comunidade local.
DOCUMENTAÇÃO DE IMÓVEIS – Pesquisa feita pelo Departamento de Tributação da Prefeitura de Panorama não apontou os nomes de Rogério Góes dos Santos e Mauro Willian Rodrigues, citados na investigação da Polícia Federal, como sendo os donos de 25 casas e da cerâmica.
Em nota, a Incoesp (Cooperativa das Indústrias Cerâmicas do Oeste Paulista), negou a existência de pessoas com os respectivos nomes citados na reportagem do Estadão no quadro de cooperados.
A cerâmica em questão na cidade de Panorama está fechada desde o primeiro semestre do ano passado. A reportagem do Jornal Regional entrou em contato com o dono da empresa, por telefone em Rio Preto, e ele disse que não fez à venda dos blocos cerâmicos para os investigados. E prosseguiu: “Possivelmente quem comprou os tijolos deva ter revendido à quadrilha”.